A Provença possui o mais importante conjunto de moradias de franceses em alturas, chamados “villages perchés”. São cidadezinhas, vilarejos ou aldeias pitorescas situadas nas colinas íngremes da Provença, no sul da França.
Os vilarejos da Provença
Não apenas os vilarejos “stars” como Les Baux, Gordes, Saint Paul e Èze exibem forte personalidade. Os esforços em escalar estes vilarejos da Provença, com estradas muitas vezes estreitas, são realmente compensatórios.
Origem antiga dos vilarejos
A origem dos vilarejos provençais remonta da época das invasões sarracenas do século 9º e está associada à questão da segurança: os camponeses teriam reagrupado suas moradias e igreja em lugares altos que se constituíram em sítios de defesa.
Não fosse apenas a prudência em relação às incursões piratas e demais personagens guerreiros, o agrupamento destes vilarejos que se efetuou essencialmente entre os séculos 11º e 15 º, se explica também pela vontade dos senhores feudais de reunir a população sob sua autoridade e, do lado dos camponeses, pelo desejo de se agruparem perto de fontes perenes assim como das vinhas e oliveiras.
A reprodução dos “villages perchés “ nos séculos 12º e 13º, seriam também consequência do crescimento demográfico, que suscitou desbravamentos.
Declínio e ressurgimento
A antiga economia provençal baseada na criação de ovelhas e cultura da vinha, oliveira e cereais, foram varridas pela melhoria da comunicação e mudanças agrícolas dos séculos 19º e 20º. Pouco a pouco os “villages perchés” dependentes desta economia, foram sendo despovoados em direção à planície.
Só após a 2º guerra mundial, as maiorias destes vilarejos retomaram vida, muitas vezes graças á iniciativa de artistas e homens de letras fascinados com sua beleza: Gérard Philipe em Ramatuelle, Jean Marais em Cabris, Christian Dior em Montaroux, Yves Montand em Saint Paul, Picasso em Mougins, Jean Cocteau em Coaraze, Max Ernst em Seillans……
Alguns, como o costureiro Pierre Cardin em Lacoste, participaram diretamente da sua reconstrução, outros como o escritor Peter Mayle em Menèrbes, garantiu notoriedade se inspirando no village.
Uma nova população em constante crescimento vem substituindo os nativos, e durante a bela estação, os turistas invadem as lojas dos artesões, as galerias de artistas, as butiques de lembranças destes pequenos mundos, um mais charmoso que outro.
Sublimes panoramas dos vilarejos da Provença
Incrustado sobre uma rocha ou escalando o flanco de uma colina, por vezes abraçado por muralhas que se transpõe por uma porta fortificada, o antigo vilarejo desenvolve uma arquitetura de confinamento da qual obtém boa parte das suas qualidades estéticas.
O labirinto das ruas e ruelas sinuosas com laje ou pedregulhos, inclinadas ou cortadas por escadarias tortuosas, só podem ser alcançadas a pé.
A restrição da circulação e estacionamento em parkings específicos permitem ao pedestre usufruir o charme do passeio, cujo panorama no cume do vilarejo é geralmente suntuoso e vale o esforço físico.
Todo o charme do “Midi”
É o caso de “flâner” (flanar) nestes vilarejos: passear com tranquilidade explorando os detalhes.
A tonalidade quente da pedra dourada pelo tempo, as fachadas caiadas de ocre vermelho, siena claro, alaranjado, amarelo, as persianas de cor morena, amêndoa, lavanda, as fileiras de telhas carmesinas, rosas, abricó, lembram a palheta de um Cézanne, de um Matisse ou de um Van Gogh.
Vergas de portas datadas, janelas geminadas, velhas portas com pregos em pontas de diamante, dobradiças de ferro forjado, batentes de bronze, sinalizam as habitações burguesas.
As vezes as abóbodas e as arcadas passam por cima de vielas, protegendo o passante do sol ou chuva.
Agradáveis mini-praças são ornadas de belas fontes e muitas vezes de um sino de rebate sobreposto de um campanário em ferro fundido ou animado de um quadrante solar.
Nada é mais tipicamente provençal, quando neste espaço convidativo, se instalam os mercados/feiras livres semanais, se concentram terraços de cafés ou são disputados os torneios de “pétanque” ou as festas do “village”.
A foto acima é do vilarejo Peillon !